- Qual é moleque, quer o que entrando desse jeito, assim no meu carro rapa?
- Quem é você ?! - pergunto com a maior cara de pau do mundo, olhando para os bancos de trás na esperança de que João esteja no banco de trás abaixado ou deitado rindo de tudo, mas não eu realmente estou fodido.
- Eu é quem te pergunto, anda logo vai porra... vaza do meu carro vacilo !
Como o ser humano é tosco e rude meu Deus... sai do carro e me sentei na entrada da pizzaria, ainda muito frustrado com tudo que rolou. Sou brevemente notificado por uma moça que queria passar com duas pizzas, sendo que a entrada tem espaço de sobra mas ela tem que vir pelos cantos.
- Pode passar - quenga, pensei.
Ela vai em direção ao carro do Alexandre frota, entra e logo em seguidão dão a partida. puta que pariu eles se merecem. Já tem alguns minutos que estou nessa garoa fria, dizem que essas são ótimas, super indicadas para quem quer morrer com uma pneumonia.
Eu mais uma vez levei um bolo de um guri. João, me enganou to plantado feito um trouxa e nada dele. Bom pelo menos os outros ao menos foram me ver.
Marcamos de sair, as vezes bebemos e quando fazemos tudo, TUDO, que tinha que tinha que ser feito um dos dois jogava a pergunta clichê "quando vamos nos ver de novo ". Eu evitava fazer esse tipo de coisa, até por que quando o encontro era muito ruim eu faço questão de deixar bem claro que não vai rolar de novo. E sei que a pesar dos momentos, a companhia e as vezes até mesmo as noites juntos, um encontro tem mais de 90% de chance de vocês não se verem novamente.
É um ciclo vicioso. Provavelmente ele ou eu - quase sempre eu - bloqueio qualquer maneira de contato e em seguida excluo.
Então fica assim para pessoas normais :
Contato > Apagar conversa > Excluir contato
Eu por outro lado, já faço diferente :
Contato > Apagar mídia > Bloquear contato > Apagar conversa > apagar da vida.
chega a ser impressionante como o remorso invade rapidamente minha mente.
--------------------------------------------------------------------------------------
Eu tenho essa necessidade de excluir fotos, conversas, videos, contatos, qualquer coisa pela qual eu tenha me arrependido e tenha desenvolvido algum tipo de remorso. De algum modo pra mim isso são passos de uma especie de terapia do esquecimento. Ao certo nem eu mesmo sei desde quando eu faço isso, talvez desde sempre. Na época do MSN adicionei vários contatos, principalmente de chats como os da Uol e Terra. se engana quem acha que meus temas favoritos eram amizade e esportes. Inclusive, acho que foi de um desses que eu adicionei João entre meus 12 e 13 anos de idade.
Melhor aceitar o fato de que tomei um "chá de canseira " e descer pra casa, essa garoa esta ficando muito gelada pra ficar dando o braço a torcer. ele não vai aparecer.
Certamente hoje devera ser como todos os outros encontros, apagados. Corrigi minha postura e desencostei da parede dando meia volta pra casa, mas antes dou um ultimo suspiro es olho para todos os carros que estão próximos dali, difícil acreditar que fui tão trouxa.
Eu já estava me preparando para atravessar quando meu celular toca, é um numero desconhecido - provavelmente ele - mas não sabia se deveria atender. Poderia também ser minha mãe - já que ela tem essa mesma configuração de chamada anonima - louca atras de mim, estou voltando não é necessário atender.
O chamador persiste e eu não resisto, inclino a cabeça para não molhar o celular e atendo
- Alo ?
- Sim...
- Quem é ?! - perguntei já impaciente com tudo isso que esta rolando, palhaçada da porra.
- Sou eu, o cara que esta te esperando a quase uma hora no mesmo lugar, onde você esta ? - ele perguntou de modo rude.
- Estou aqui em frente a pizzaria a uma cota, e até agora não vi nenhum Fox preto. - respondo.
- Mano - consigo ouvir ele suspirar do outro lado da linha, quanta raiva - eu estou um pouco antes da pizzaria, não podia ficar ai te esperando muito tempo, é um ponto de ônibus oras...
É verdade, aqui em frente tem um ponto de ônibus e realmente ele não poderia ficar muito tempo esperando. Mas se ele diz que esta ali a tanto tempo, sera que ele me viu passando vergonha com o cara do outro carro preto ?
Meu rosto queima, pra falar a verdade ferve com a vergonha. sinto me como se a qualquer momento eu fosse explodir de vergonha pela possibilidade de talvez ele ter visto todo esse micão. A cada passo que dou próximo de seu carro seu rosto começa a ficar mais nítido por trás da garoa.
Em sua porta meus medos já não pareciam mais tão grandes e começaram a se dispersar de minha mente.
- Entre - mandou João com uma voz mais firme que o normal, difícil acreditar que ele tem apenas 24 anos de idade.
- Licença - ele me encara sério enquanto entro, mas não me olha no rosto.
Esse cara não da a minima pra mim, nem pra minha cara ele olha na face. e eu sou um desconhecido entrando no carro dele.
Ele se vira finalmente me olhando nos olhos e em seguida dando um singelo sorriso. Como ele é lindo.
Quando eu me assumi, minha vontade de ficar com um cara era imensa. E toda essa mudança, toda essa libertação dos desejos que ficaram reprimidos por quase três anos meio que me fizeram esquecer os meus objetivos, que a antes era apenas achar alguém que gostasse de mim, não apenas no sentido carnal, eu queria algo mais. E ter esquecido alguns desses princípios meio que me faz agir como um cachorro no cio, literalmente.
Recebi um beijo no escurinho do cinema, no meu primeiro encontro, era oficial finalmente perdia meu bv. ah, o filme era "Drácula - A História nunca contada". Muito bom.
#recomendo
Mas nem foi com ele que perdi a virgindade - esperava que fosse mas não foi, fazer o que ? - ia ficando com um, com outro, depois mais outro, depois mais alguns, depois mais outros, sempre aleatoriamente.
Nós íamos para a cama, transávamos, e quando tudo acabava e o tesão ia embora eu fazia o mesmo indo pra minha casa. E era assim não nos falávamos mais, muito menos nos víamos. E no meio desse ciclo vicioso João é apenas mais um.
Fico sem graça... esse sorriso, essa voz, o olhar profundo dele...
Nossa.
Eu sempre fui frio, grosso, insensível e sem coração. Eu definitivamente não me apegava a nada nem ninguém. Achei que tudo estava sob controle, um peito impenetrável, nada me fere nada me abala. Blindado é assim que me vejo, ou me pelo menos me via até ter uma visão perfeita de João agora que estava ao seu lado.
Perfeitamente, agora com ele do meu lado vejo que talvez ele sem querer derrubou todas as minha paredes, e seu perfume me mantem estático. João não é super alto, nem musculoso, nem tem cabelos dourados e é rico.
Ele é um pouco maior que eu - pouca coisa - da pra ver isso mesmo sentados, ele tem coxas de outro mundo, suas coxas são grossas e definidas pode se dizer que muito concitativas.
- E então - ele puxa conversa dando partida no carro - quer dizer que finalmente consegui te convencer a me encontrar - sorriu João.
- É finalmente nos conhecemos - retribui de maneira sem graça o sorriso.
- Por que esse medo todo, acho que iria te sequestrar ? - se aproximou sorrindo com aqueles olhos pretos, quase tão pretos quantos os meus.
Seus olhos tem um brilho, transbordam vida e um sorriso tão puro que reconforta qualquer um.
- Deixa de ser besta, mas é claro que não - dei um sorriso torto - mas vai saber né, não te conhecia - falo baixo, meio que "com quem não quer nada".
- O que ?! - pergunta João confuso.
- Nada não ! estou brincando - dei um sorriso amarelo
Ele tem algo diferente. Algo nele me passa uma energia muito forte, não sei que força é essa mas já sei que é extremamente viciante. me faz querer ficar mais próximo cada vez mais.
- Então - ele da uma pausa seguida de um longo suspiro - você se chama Thiago, não é isso ?
- Sim, correto.
- E você sabe meu nome Thiago ? - perguntou João concentrado no volante.
Dou risada porque essa é a pergunta mais fácil de toda minha vida.
- Claro que sei - iniciei me sentindo muito confiante - seu nome é João.
- Errado, meu nome verdadeiro é Lucas.
- Como ?
- Não é João, mas sim Lucas. Eu menti porque não te conhecia e não sabia se podia confiar em você.
- Quem é você ?! - pergunto com a maior cara de pau do mundo, olhando para os bancos de trás na esperança de que João esteja no banco de trás abaixado ou deitado rindo de tudo, mas não eu realmente estou fodido.
- Eu é quem te pergunto, anda logo vai porra... vaza do meu carro vacilo !
Como o ser humano é tosco e rude meu Deus... sai do carro e me sentei na entrada da pizzaria, ainda muito frustrado com tudo que rolou. Sou brevemente notificado por uma moça que queria passar com duas pizzas, sendo que a entrada tem espaço de sobra mas ela tem que vir pelos cantos.
- Pode passar - quenga, pensei.
Ela vai em direção ao carro do Alexandre frota, entra e logo em seguidão dão a partida. puta que pariu eles se merecem. Já tem alguns minutos que estou nessa garoa fria, dizem que essas são ótimas, super indicadas para quem quer morrer com uma pneumonia.
Eu mais uma vez levei um bolo de um guri. João, me enganou to plantado feito um trouxa e nada dele. Bom pelo menos os outros ao menos foram me ver.
Marcamos de sair, as vezes bebemos e quando fazemos tudo, TUDO, que tinha que tinha que ser feito um dos dois jogava a pergunta clichê "quando vamos nos ver de novo ". Eu evitava fazer esse tipo de coisa, até por que quando o encontro era muito ruim eu faço questão de deixar bem claro que não vai rolar de novo. E sei que a pesar dos momentos, a companhia e as vezes até mesmo as noites juntos, um encontro tem mais de 90% de chance de vocês não se verem novamente.
É um ciclo vicioso. Provavelmente ele ou eu - quase sempre eu - bloqueio qualquer maneira de contato e em seguida excluo.
Então fica assim para pessoas normais :
Contato > Apagar conversa > Excluir contato
Eu por outro lado, já faço diferente :
Contato > Apagar mídia > Bloquear contato > Apagar conversa > apagar da vida.
chega a ser impressionante como o remorso invade rapidamente minha mente.
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Eu tenho essa necessidade de excluir fotos, conversas, videos, contatos, qualquer coisa pela qual eu tenha me arrependido e tenha desenvolvido algum tipo de remorso. De algum modo pra mim isso são passos de uma especie de terapia do esquecimento. Ao certo nem eu mesmo sei desde quando eu faço isso, talvez desde sempre. Na época do MSN adicionei vários contatos, principalmente de chats como os da Uol e Terra. se engana quem acha que meus temas favoritos eram amizade e esportes. Inclusive, acho que foi de um desses que eu adicionei João entre meus 12 e 13 anos de idade.
Melhor aceitar o fato de que tomei um "chá de canseira " e descer pra casa, essa garoa esta ficando muito gelada pra ficar dando o braço a torcer. ele não vai aparecer.
Certamente hoje devera ser como todos os outros encontros, apagados. Corrigi minha postura e desencostei da parede dando meia volta pra casa, mas antes dou um ultimo suspiro es olho para todos os carros que estão próximos dali, difícil acreditar que fui tão trouxa.
Eu já estava me preparando para atravessar quando meu celular toca, é um numero desconhecido - provavelmente ele - mas não sabia se deveria atender. Poderia também ser minha mãe - já que ela tem essa mesma configuração de chamada anonima - louca atras de mim, estou voltando não é necessário atender.
O chamador persiste e eu não resisto, inclino a cabeça para não molhar o celular e atendo
- Alo ?
- Sim...
- Quem é ?! - perguntei já impaciente com tudo isso que esta rolando, palhaçada da porra.
- Sou eu, o cara que esta te esperando a quase uma hora no mesmo lugar, onde você esta ? - ele perguntou de modo rude.
- Estou aqui em frente a pizzaria a uma cota, e até agora não vi nenhum Fox preto. - respondo.
- Mano - consigo ouvir ele suspirar do outro lado da linha, quanta raiva - eu estou um pouco antes da pizzaria, não podia ficar ai te esperando muito tempo, é um ponto de ônibus oras...
É verdade, aqui em frente tem um ponto de ônibus e realmente ele não poderia ficar muito tempo esperando. Mas se ele diz que esta ali a tanto tempo, sera que ele me viu passando vergonha com o cara do outro carro preto ?
Meu rosto queima, pra falar a verdade ferve com a vergonha. sinto me como se a qualquer momento eu fosse explodir de vergonha pela possibilidade de talvez ele ter visto todo esse micão. A cada passo que dou próximo de seu carro seu rosto começa a ficar mais nítido por trás da garoa.
Em sua porta meus medos já não pareciam mais tão grandes e começaram a se dispersar de minha mente.
- Entre - mandou João com uma voz mais firme que o normal, difícil acreditar que ele tem apenas 24 anos de idade.
- Licença - ele me encara sério enquanto entro, mas não me olha no rosto.
Esse cara não da a minima pra mim, nem pra minha cara ele olha na face. e eu sou um desconhecido entrando no carro dele.
Ele se vira finalmente me olhando nos olhos e em seguida dando um singelo sorriso. Como ele é lindo.
Quando eu me assumi, minha vontade de ficar com um cara era imensa. E toda essa mudança, toda essa libertação dos desejos que ficaram reprimidos por quase três anos meio que me fizeram esquecer os meus objetivos, que a antes era apenas achar alguém que gostasse de mim, não apenas no sentido carnal, eu queria algo mais. E ter esquecido alguns desses princípios meio que me faz agir como um cachorro no cio, literalmente.
Recebi um beijo no escurinho do cinema, no meu primeiro encontro, era oficial finalmente perdia meu bv. ah, o filme era "Drácula - A História nunca contada". Muito bom.
#recomendo
Mas nem foi com ele que perdi a virgindade - esperava que fosse mas não foi, fazer o que ? - ia ficando com um, com outro, depois mais outro, depois mais alguns, depois mais outros, sempre aleatoriamente.
Nós íamos para a cama, transávamos, e quando tudo acabava e o tesão ia embora eu fazia o mesmo indo pra minha casa. E era assim não nos falávamos mais, muito menos nos víamos. E no meio desse ciclo vicioso João é apenas mais um.
Fico sem graça... esse sorriso, essa voz, o olhar profundo dele...
Nossa.
Eu sempre fui frio, grosso, insensível e sem coração. Eu definitivamente não me apegava a nada nem ninguém. Achei que tudo estava sob controle, um peito impenetrável, nada me fere nada me abala. Blindado é assim que me vejo, ou me pelo menos me via até ter uma visão perfeita de João agora que estava ao seu lado.
Perfeitamente, agora com ele do meu lado vejo que talvez ele sem querer derrubou todas as minha paredes, e seu perfume me mantem estático. João não é super alto, nem musculoso, nem tem cabelos dourados e é rico.
Ele é um pouco maior que eu - pouca coisa - da pra ver isso mesmo sentados, ele tem coxas de outro mundo, suas coxas são grossas e definidas pode se dizer que muito concitativas.
- E então - ele puxa conversa dando partida no carro - quer dizer que finalmente consegui te convencer a me encontrar - sorriu João.
- Por que esse medo todo, acho que iria te sequestrar ? - se aproximou sorrindo com aqueles olhos pretos, quase tão pretos quantos os meus.
Seus olhos tem um brilho, transbordam vida e um sorriso tão puro que reconforta qualquer um.
- Deixa de ser besta, mas é claro que não - dei um sorriso torto - mas vai saber né, não te conhecia - falo baixo, meio que "com quem não quer nada".
- O que ?! - pergunta João confuso.
- Nada não ! estou brincando - dei um sorriso amarelo
Ele tem algo diferente. Algo nele me passa uma energia muito forte, não sei que força é essa mas já sei que é extremamente viciante. me faz querer ficar mais próximo cada vez mais.
- Então - ele da uma pausa seguida de um longo suspiro - você se chama Thiago, não é isso ?
- Sim, correto.
- E você sabe meu nome Thiago ? - perguntou João concentrado no volante.
Dou risada porque essa é a pergunta mais fácil de toda minha vida.
- Claro que sei - iniciei me sentindo muito confiante - seu nome é João.
- Errado, meu nome verdadeiro é Lucas.
- Como ?
- Não é João, mas sim Lucas. Eu menti porque não te conhecia e não sabia se podia confiar em você.
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