Um dia, Meu primeiro amor - Jéssica 19/08/2013

               Estou em mais uma daquelas épocas em que todas as minhas lembranças ruins e medos retornam por um tempo indeterminado. Épocas em que de alguma forma eu não sei nem o porque , mas acabo sentindo falta de muitas coisas da minha infância.

               Dizem que o frio é bullying contra os solteiros, eu sempre digo não acreditar nisso mas é no frio que eu me sinto mais solitário. A primeira amiga e também a primeira garota que contou que gostava de mim de faleceu nesse ultimo mês , não sei como ainda posso estar tão calmo por fora. De um tempo pra cá estou triste sem apetite e vontade de sair do meu quarto . 

               Como tudo aconteceu? 

              Jéssica e eu já não tínhamos assim um relacionamento tão bom quanto antes. Até porque ficamos anos sem saber se nos veríamos novamente desde quando saímos do da nossa escola o antigo “Reino Encantado”.

              Eu nem tinha mais tanta certeza se teria a oportunidade de revela. Éramos crianças e como todas as crianças também sentíamos algo especial por algum amigo,  minha amiga especial era a Jéssica, mas eu nunca quis contar para ela o que eu achava dela, sei lá eu acho que tinha medo e tenho até hoje esse medo de dizer o que estou sentindo afinal meus amigos da minha sala principalmente o Caio eram muito ignorantes em relação as meninas, falavam que elas eram chatas mandonas e pra variar as meninas também pensavam isso da gente. só que pra elas nós eramos chatos, mandões, nojentos e etc. Elas deviam ter suas razões e nós, meninos, as nossas.

Por um tempo eu até achava isso mesmo, até conhece-la.

                Era uma manhã de uma terça-feira ou sexta-feira (não lembro muito bem - risos - porque eu era pequeno e com a idade que eu tinha eu sempre achava que sexta-feira e terça-feira eram o mesmo dia. Talvez pelo som que fazia quando os adultos e professoras diziam que dia era a partir disso você percebe que eu sou "perturbado" desde pequenino), Havia tido um passeio para o parque da Mônica no qual apesar de ter sido apenas para os alunos filhos dos pais que pagassem eu não fui por que estava de castigo em casa e minha mãe e meu ex-padrasto acharam que assim seria uma melhor forma de aprender a lidar com as pessoas e as outras crianças lembro-me que eu era muito perturbado rs e na deixava ninguém fazer as atividades de classe, eu atacava de tudo borracha, papel, e até assoprava na orelha só pra eles não terminarem de desenhar e pintar antes de mim.
                  Apesar de ser dia de passeio a escola ainda estaria aberta para os demais alunos que não fossem para o passeio (o que eu detestei ), fui forçado a ir pela minha mãe, e para minha surpresa cada sala não tinha mais de 3 ou 5 alunos. 
Eu não gostava de brincar com outras crianças até por que pra mim amizade era desnecessária e por isso eu era caladão -risos- mas quando eu gostava de alguém eu demonstrava, mas de um jeito diferente, eu era chato e irritava algumas crianças mas só irritava quem eu gostava. Era só uma maneira de chamar atenção, pra mim ser chato era algo como  ” oi, quer ser meu amigo(a) ?”, era o que eu queria dizer …

                  A caminho de minha sala andando pelos corredores eu passava em frente a portas de outras salas eu via a quantidade de crianças que tinha, e já ficava com medo de todos meus colegas terem ido para o passeio e eu acabar ficando sozinho na minha sala, só eu a prof e o quadro negro, sem ter ninguém para conversar. Quando cheguei em minha sala foi pior do que eu esperava, eu via em minha frente a pessoa mais chata do mundo. Jéssica, na hora eu bufei ¬¬ , entre nós meninos e meninas era proibido qualquer tipo de relacionamento. sim, nós mesmos nos privávamos de ser amigos de meninas e vice e versa. Mas eu não sei e não consegui entender de imediato mas Jéssica não demonstrava desprezo por mim. Era diferente seu olhar já falava tudo, ela não era como as outras, pelo menos não comigo. mesmo assim ainda tomado pela rixa que existia entre meninos e meninas eu não falei com ela, eu na verdade não queria aceitar que de fato ela talvez gostasse de mim, aquilo tudo me deixava sem graça. 

 passei mais da metade do dia tentando evitar ela.

-Oi, qual o seu nome ? - ela perguntou com aqueles grandes olhos cor de mel. 
E eu a ignorei …babaca como sempre.
Ainda querendo demonstrar o quanto queria ser minha amiga ela insistiu em continuar a falar.
- O meu é Jéssica, viu.

-vi sua chata.

                  Minha professora me achou muito mau de não falar com ela, e tentou fazer eu falar um “oi” pelo menos, mas nem ela conseguiu, ela me colocou de castigo olhando para a parede e de costas para a Jéssica, acho que eu fiquei um bom tempo em pé pois eu já estava com as pernas bambas de tanta canseira. e minha prof era muito ruim comigo (chegava a parecer até minha professora de português da 6º, 7º e 8º série a queridinha da Regiane aquela Bi#ch… vamos deixar essa história para depois).
                  Não demorou muito até que o inspetor André visse que aquele dia estava chato e que não tínhamos nada para fazer. A diretora na época uma senhora japonesa muito simpática perguntou para as Professoras se poderia juntar as salas e nos colocar para assistir um filme (acho que era “Rei Leão”, me lembro que na época a fita era verde ainda rs), foi quase que um alivio para mim, eu achei que estaria livre e poderia tentar conversar com outras crianças mas para a minha infelicidade minha Prof disse que não era para eu sair da sala, fiquei de castigo sozinho pra variar. e lá foram elas (Prof e alguns outros alunos inclusive Jéssica). Eu fiquei um tempo sozinho e devido ao tédio cochilei em minha própria carteira, eu devo ter dormido muito bem, só de lembrar como foi eu até bocejo. Enquanto eu dormia acho que as professoras começaram a fofocar conversar esquecendo dos alunos e foi no meio dessa conversa (fofoca) Jéssica aproveitou para ir escondido ficar comigo na sala, não contente por eu estar dormindo ela me acordou e perguntou se eu não queria ser amigo dela … depois de relutar muito eu aceitei (Eu sempre tentava fazer amigos mas só conseguia colegas e mesmo assim não durava muito eles pegavam meus lápis e não devolviam, e com o tempo parei de emprestar eles não curtiram).

                   Eu topei, desde de então nunca mais me senti sozinho e a pessoa que eu tanto odiava acabou se tornando minha primeira paixonite, passamos o resto daquele dia conversando em nossa sala só ela e eu, tínhamos muita coisas em comum desenhos, programas de TV, sonhos no qual queríamos realizar… 

                    No final da tarde na hora da saída ouvimos o ônibus do passeio voltar com nossos colegas, então ela me disse que tinha que voltar para a sala de vídeo por que a professora iria conferir se todos estavam lá. fiquei na janela da sala só para ver se ela ia lembrar de mim antes de ir embora, e foi dito e feito, ela olhou para traz antes de passar pelo portão sorriu e discretamente me deu tchau.
               
                   Nosso segundo dia de amizade foi muito triste, todos perceberam que nós nos falávamos e riamos juntos, na hora do recreio, quando íamos para o parquinho, e na hora de dormir meu colchão que eu sempre colocava no canto da sala (eu era muito bicho do mato kk) eu comecei a colocar um pouco mais perto do dela. As outras crianças tinham raiva da gente, por que de certa forma quebrado o tabu. elas talvez viam que aquilo não estava sendo só uma amizade e não queriam nos ver juntos, começamos a ser rejeitados pelos colegas de um jeito que não tivemos outra escolha a não ser nos preocuparmos com nós mesmos e deixar eles de lado. 

                     Há essa altura do campeonato eu já estava profundamente apaixonado por Jéssica, mas eu muito envergonhado não tinha coragem de dizer a ela, eu tinha medo de que ela não gostasse de mim da mesma maneira que eu gostava dela quem nunca ?, e assim fiquei meio que fechado, tudo aquilo, aquele primeiro era de meus sentimentos era muito confuso, assim como é até hoje. 
                     Os dias foram se passando, e as “zoações” da turma só foram aumentando, mas nós com o tempo passamos ignorar, eu era e ainda sou tão envergonhado que em um certo dia ela me perguntou se eu namorava prontamente respondi que não, nisso ela me agarrou e me beijou (ela me roubou rs) aquilo tudo me deixava tão - suspiro - envergonhado, nervoso (não sabia o que fazer)… e por dentro eu me sentia tão “Wow” 

por aquilo estar acontecendo, tipo foi o fim de todas as minhas angustias e medos. medo de ela não sentir o mesmo por mim, medo de ela gostar de outro menino,  ou de até mesmo estar sonhando de mais. tudo isso se foi com um único beijo até aquele dia eu nunca tinha provado uma coisa tão boa e que me deixasse tão sem jeito.

E é assim até hoje. Jéssica não precisou falar mais nada para mim, eu entendia tudo só pelo olhar que ela fez para mim, aquele olhar puro e verdadeiro que me mostrava o que realmente era o carinho que ela sentia por mim .

                   

                  E assim fomos nos curtindo e tentando proteger um ao outro da maneira que poderíamos até quase metade da 2 º serie, infelizmente ela se mudou e me deixou sozinho novamente quando eu soube me senti triste (e olha que eu nem sabia o que era mudar ) foi quando a mãe dela enviou a carta para o Calixto (escola em que estudávamos na época). A professora Sélma leu a carta da tia Julia (mãe da Jéssica) e nela dizia os motivos (não me lembro acho que foi por que os pais da Jéssica se divorciaram) mas para minha surpresa Jéssica também mandou uma carta no qual ela dizia que sempre iria estar comigo mesmo longe -lagrima-  e que ela logo voltaria. ela também deu chau para alguns colegas nossos … no fundo, no fundo , apesar de ela estar tentando me consolar através da carta eu não queria aceitar o fato de não poder vê-la mais …

                   E desde de aquele ano, nunca mais amei uma menina da mesma maneira que amei ela …por se fosse para beijar , amar , transar e etc. que fosse com uma garota especial … que até hoje não conheci …

                …Para a garota mais especial que já cheguei a conhecer… Jéssica.R.I.P .